domingo, 24 de maio de 2009

Pontos de vista

Cada um de nós tem uma visão muito particular acerca da realidade. Vestimos lentes que vão sendo moldadas desde que nascemos e seguem sendo ajustadas a cada minuto de nossas vidas, determinando a maneira que vemos o mundo a nossa volta. Por exemplo, quando se tem um problema, independente da complexidade dele e do nível de sofrimento que ele possa trazer, qual a atitude que se pode tomar? Dependendo do modo que vemos as coisas, o problema pode ser classificado ou como um obstáculo que impede o caminho ou como um desafio a ser superado.
Um problema pode ser visto como um obstáculo tão grande para algumas pessoas, que quando se deparam com ele não acreditam que possam ter forças para ultrapassá-lo. O problema fica ali, sendo remoído dia após dia, muitas vezes fazendo parte da rotina, das preocupações diárias... pode ficar de lado a ponto de só ser lembrado quando se tornar tão grande que não possa mais passar desapercebido.
Este mesmo problema para outras pessoas pode ser considerado um desafio. A resolução do problema passa a ser uma meta a ser atingida, e quando resolvido traz o alívio de não ser mais um problema. Nem todos os problemas podem ser resolvidos assim tão facilmente, claro. Mas o fato de haver uma movimentação para tornar possível uma solução já faz com que este problema seja olhado de outra forma, pois um desafio exige mais de nós, e nos permite ir além daquilo que aparentemente podemos alcançar.
Como podemos perceber, um único problema pode gerar diferentes formas de reagir, pois não é o problema em si que gera determinadas reações, mas sim a visão de cada um sobre ele. Por isso a importância de aprender a ajustar esta lente, conseguir ver além do obstáculo, e principalmente, querer ver além do obstáculo. Claro que isso exige prática, mas todos os dias nos deparamos com situações que nos permitem ir ajustando nossas lentes de modo que possamos viver mais felizes e com menos preocupações, aumentando nosso bem estar interior, que é o que estamos sempre buscando.
artigo publicado no Jornal da Praia de Garopaba, em julho de 2008.

sábado, 23 de maio de 2009

O poder de uma crítica.

A crítica pode ser entendida como uma observação referente a determinado comportamento de alguém, podendo encorajar este alguém a melhorar, reforçar ou desenvolver este comportamento. É uma habilidade importante que permite que melhoremos a qualidade de alguma coisa ou, no caso, de um comportamento. E como toda e qualquer habilidade, a crítica pode ser bem usada ou mal usada. É aí que entra a sutil diferença entre a critica construtiva e a critica destrutiva.
A critica construtiva é utilizada para que se possa melhorar aquilo que estava sendo feito de maneira errada. É uma visão de quem está de fora da situação e tem a intenção de que haja uma melhora através de apontamentos que possibilitem a visão da mesma situação por outro prisma, procurando uma evolução daquele que recebe a crítica.
A critica destrutiva é aquela crítica feita sem razão nenhuma, a não ser menosprezar aquilo que foi feito pelo outro, apenas desmerecendo-o sem o objetivo de lhe mostrar um caminho melhor a ser percorrido.
Muitas pessoas acabam utilizando a critica destrutiva como forma de mostrar e apontar os erros do outro, sem perceberem que ao invés de simplesmente dizer que está ruim ou que é errado, poderiam ajudar propondo algo melhor. Se pararmos para pensar em nossas vidas, por exemplo, quantas pessoas poderíamos ajudar se simplesmente as fizéssemos refletir um pouco sobre o que estão fazendo, sem precisar ofendê-las ou diminuí-las, apenas mostrando um outro caminho?
E para aqueles que sofrem com as críticas, o grande segredo é saber ouvi-las, ignorar o que não faz sentido e aproveitar as opiniões relevantes procurando empenhar-se na busca da melhoria, utilizando-as de modo que sejam um aprendizado diário de como se tornar uma pessoa melhor.
Artigo publicado no Jornal da Praia de Garopaba, em julho de 2008

O que fazemos pelos nossos sonhos?

Todos nós temos a capacidade de sonhar, de imaginar como seria maravilhoso se conseguíssemos tudo aquilo que gostaríamos de ter. Cada um tem seus sonhos, e ninguém pode julgar qual é mais importante, pois eles dizem respeito somente a quem os têm. Eles podem ser realizados através da conquista de determinados bens materiais, da sensação de felicidade, de uma família modelo, da realização profissional e pessoal, entre outras coisas que almejamos durante toda a nossa vida. Só que muitos passam a vida pensando sobre isso e esquecem de viver o presente, o agora. Esquecem que para terem tudo o que querem, precisam se planejar, e começar a construir coisas que lhes permitam chegar mais perto de seus sonhos desde já.
Claro que, muitas vezes, atingir certos objetivos acaba gerando mudanças tanto na rotina quanto no pensamento, e aquele medo do desconhecido começa a pairar sobre as idéias, adiando-as ou simplesmente deixando-as de lado até que um dia possa dar vontade de recomeçar. Esta é a famosa zona da acomodação. É muito mais fácil deixar as coisas como estão e se manter nesta situação, sem precisar se incomodar com nada nem com ninguém, afinal “eu sou feliz assim mesmo...” do que fazer algo em prol dos seus sonhos. Quem realmente quer alguma coisa encontra um meio de fazê-la, quem não quer ou não tem certeza, acaba encontrando uma desculpa para não fazer nada.
Pare agora para pensar nos seus sonhos e se pergunte... Quais deles você já conseguiu realizar? E o que falta para atingir aqueles que ainda não foram realizados?
Sempre dá tempo para começar a busca pela nossa felicidade e pela nossa realização, então não perca tempo e dê o primeiro passo. Não tenha medo, pois o primeiro passo não precisa ser necessariamente um grande passo, desde que ele leve pelo caminho que se quer trilhar. Trace estratégias para chegar no seu objetivo, crie pequenas metas palpáveis para poder analisar se está indo pelo caminho certo. E dê tempo ao tempo.
Nem sempre podemos realizar um sonho em um único dia, mas podemos caminhar em direção a ele todos os dias.

Ciúme, o grande vilão de uma relação saudável.

O ciúme é um sentimento complexo que envolve pensamentos, emoções, atitudes e comportamentos. Pressupõe-se que ele exista sempre que existe interesse entre duas pessoas, porém, o excesso deste sentimento é nocivo para qualquer relação. O que alimenta o ciúme é o temor da perda do objeto de amor para outra pessoa, que em determinados casos é manifestado por atitudes muito desproporcionais à situação, desestabilizando o relacionamento. Um pouco de ciúme apimenta a relação, pois mostra que o outro é objeto de desejo, mas é preciso saber controlar este sentimento. Quando o ciúme é exagerado, a pessoa ciumenta priva o parceiro de sua liberdade, invadindo seu espaço, deixando-o sufocado com tanto controle. O resultado disso é o comprometimento da espontaneidade do outro, que vive preocupado e com medo de desencadear uma crise, somado ao ressentimento de não ser digno da confiança de seu par e acaba por fim afastando-se desta relação doente.
Pessoas com ciúme excessivo não privam só o outro de liberdade, elas também se privam, pois são prisioneiras de sentimentos que nem sempre são baseados em motivos reais. São indivíduos que tendem a carregar consigo problemas emocionais como a insegurança e a baixa, pois inconscientemente não acreditam que possam ser dignas de um relacionamento sadio sem serem trocadas por alguém melhor que elas. Na grande maioria das vezes esta possibilidade é irreal, e esta fantasia acaba criando um filtro em que a realidade é distorcida para reforçar a crença de que a pessoa está sendo ou será traída de alguma forma, por mais que dados de realidade não batam com estas afirmações errôneas.
Sendo assim, é necessário que a pessoa que sofre com o excesso de ciúme desenvolva sua autoconfiança, pois só quem confia em si mesmo tem condições de confiar em outra pessoa.

Você sabe quais são suas qualidades?

Todos nós temos qualidades, mas nem sempre conseguimos percebe-las e valoriza-las. Nem todo mundo consegue lidar bem com suas conquistas, minimizando aquilo que já conseguiu e supervalorizando o que falta, gerando frustração e falta de estímulo para correr atrás do que se quer. Assim, nunca tem forças para atingir seus objetivos e acaba sempre faltando alguma coisa para alcançar o êxito, criando uma bola de neve.
Em geral, as pessoas tendem a se criticar, a se cobrar, e raramente conseguem ter consciência de suas reais qualidades. Isso acontece por estarmos sempre nos comparando a alguém que é muito mais bonito, mais inteligente e mais feliz, trazendo um sentimento de inferioridade que não nos permite perceber nossa própria beleza, inteligência e felicidade.
Temos que ter nossos próprios valores e basear nossas vidas neles, aprendendo a buscar aprovação e reconhecimento em nós mesmos. Estes valores não podem ser baseados em nosso desempenho e sucesso, nem em comparações e expectativas de outras pessoas, pois assim sempre haverá uma luta entre o que se espera de nós e o que nós realmente somos. E isso inclui nossas qualidades, que acabam sendo desprezadas não só pelos outros, mas por nós mesmos.
Por isso, aprenda a avaliar seus dons, seus talentos, suas qualidades. Sem julgá-los ou compará-los, apenas constate-os e se pergunte por que não os valoriza mais. Olhe para dentro de si, dê mais valor aos seus sentimentos, à pessoa que você é e aos obstáculos que já enfrentou, independente do que os outros vão pensar.

Respeitando as diferenças

Há quem diga que nossa personalidade se forma antes de nascermos, outros dizem que ela se forma na infância e vai se modificando no decorrer da vida. A questão é que cada um tem sua personalidade própria, pois ela é um conjunto composto por sentimentos, experiências, hábitos e características individuais que fazem uma pessoa ser diferente da outra. A maneira como vemos o mundo e como lidamos com ele está diretamente relacionado a como nossa personalidade foi (ou está sendo) formada, por exemplo: uma mesma experiência pode ser vivida de maneira diferente por duas pessoas.
Devido a estas diferenças, algumas pessoas pensam e agem de uma maneira, enquanto outras pensam e agem de maneira diferente. Ambas consideram que estão certas, tendo como base os padrões em que foram criadas. Só que estas diferenças de personalidade podem incomodar, quando um quer que todos pensem de sua maneira, não respeitando estas diferenças e considerando somente seu ponto de vista sendo o correto, o que acaba gerando conflitos.
Como foi dito anteriormente, cada pessoa passou por experiências e sentimentos diferentes no decorrer da vida, portanto o modo como lidam com eles não deve ser avaliado como certo ou errado por outra pessoa, mesmo que os pontos de vista não coincidam. São apenas pessoas que agem ou pensam de forma diferente. Aprender a conviver com estas diferenças nos faz viver melhor, pois tentando entender o porquê de certas atitudes ao invés de simplesmente considera-las erradas nos possibilita refletir sobre os outros e sobre nós mesmos, nos fazendo crescer como pessoas.
Certa vez ouvi um casal que completava bodas de ouro sendo questionado sobre como conseguiram manter o convívio por tanto tempo. A resposta foi bem simples: “nós aprendemos a conviver com o que considerávamos defeitos um do outro, ao invés de tentar muda-los”.

As coisas que não são ditas

Na grande maioria das vezes, o problema não está naquilo que se diz, e sim, naquilo que não se diz. O silêncio pode ser muito traiçoeiro no que diz respeito à relação entre as pessoas. Quando não são esclarecidas, as coisas que incomodam vão crescendo e se enraizando, começam a fazer parte da rotina, podendo tomar proporções enormes.
Para evitar constrangimentos e discussões, as pessoas acabam utilizando-se do silêncio para “passar por cima” dos problemas. Num primeiro momento é uma boa saída, pois não se mexe naquilo que incomoda, mas o acúmulo destes pequenos silêncios com o passar do tempo começa a corroer os sentimentos, tornando desgastante e insuportável uma relação.
Um simples pedido de desculpas ou um desabafo podem tornar o convívio muito mais harmônico, restaurando laços que muitas vezes pareciam rompidos.
Sair deste silêncio é difícil, e nem sempre conseguimos isso sozinhos, quanto mais enraizado mais complicado é tocar em alguns assuntos. É um desafio que temos que encarar, pois em algum momento iremos nos deparar com este silêncio querendo vir à tona.
Da mesma forma que temos muito a dizer, também temos muito a ouvir, e a escuta também é importante. Ao nos despirmos do receio e do orgulho facilitamos o diálogo, pois o objetivo sempre é buscar a harmonia e a evolução, e para isso precisamos estar abertos para as mudanças que se façam necessárias.
Independentemente de ser uma relação amorosa, familiar, de trabalho ou de amizade, é importante que os sentimentos estejam claros para todos, pois desta forma fica mais fácil mudar aquilo que está errado e adaptar aquilo que ainda não está bom.

Auto estima

A auto-estima é a visão que cada pessoa tem de si mesma. É a capacidade de respeitar, confiar e gostar de si. Uma auto-estima elevada é a soma da auto-confiança e do auto-conhecimento, e é a cura para todas as doenças de origem emocional e relações destrutivas . Ela vai começar a se formar na infância, e a maneira como somos tratados por aqueles que nos cercam vão exercer uma influência significativa na nossa auto-estima quando adultos.
Frustrações, abandono, carência, vergonha, insegurança, perdas, dependência (tanto emocional quanto financeira) geram a diminuição da auto-confiança e automaticamente, da auto-estima. O pior não é a falta de reconhecimento por parte das outras pessoas, mas a crença que a criança cria a respeito de si mesma de que nunca é boa o bastante, gerando a falta de reconhecimento por si própria. Esta criança acaba crescendo e se tornando aquela pessoa que quer sempre agradar, que não sabe dizer não e busca aprovação o tempo todo, pois ela mesma não consegue se aprovar sozinha.
A auto-estima é a lente com que vemos o mundo, por isso é importante ajustar esta lente. Como se faz isso? Através do auto-conhecimento. Confiar em si mesmo, respeitar nossos limites, expressar nossos sentimentos sem medo, acreditar na nossa competência e sermos capazes de nos tornar independentes da aprovação dos outros. É um processo que exige tempo, e por ser uma mudança interior, este tempo varia de pessoa para pessoa. Aceitar-se já é um grande passo, atitudes como identificar suas qualidades e não só os defeitos, aprender com as experiências passadas e não só rumina-las, acreditar que pode ser amado pelo que você é vão aumentar sua auto-estima e proporcionar uma grande melhora em sua qualidade de vida.
Nem sempre as coisas que fazemos dão certo, mas o importante é fazermos da melhor maneira possível.

Limites, nem tanto nem tão pouco!

Sim, dar limites aos filhos é praticamente uma arte, pois exige atenção, amor e dedicação integral à causa. Alguns pais, por motivos diversos, têm dificuldade em impor regras e estabelecer limites a seus filhos, procurando protege-los ao máximo das frustrações e das imposições desencadeadas pelo meio em que eles vivem.
A maioria dos pais de hoje, sofreu repressão por parte de suas famílias, e não quer repetir a mesma educação com seus filhos, sendo muito mais permissivos, dando muito mais atenção às necessidades dos filhos, respeitando sua liberdade de expressão. Até aí tudo bem, o fato é que o excesso dessa permissividade dos pais muitas vezes os obriga a abdicar de suas necessidades e vontades, criando uma criança autoritária e sem limites. Esta postura superprotetora dos pais se dá em função de uma culpa que os pais carregam pelo fato de não quererem repetir o que lhes causou tanto desconforto na infância, refletindo em um comportamento onde os pais sentem-se sempre devendo alguma coisa à criança. Resultado: acabamos ensinando as crianças que as dificuldades devem ser compensadas com bens materiais, e que se não posso estar presente, posso dar presentes.
Até que ponto estamos transmitindo segurança para nossos filhos agindo desta forma? Em um determinado momento não teremos como impedir que eles se frustrem, e quando isso acontecer, eles não vão saber como agir. Uma criança com desejo ilimitado correspondido pelos pais, sofrerá muito mais com sentimentos de frustração, pois vai ter que aprender da maneira mais difícil que nem tudo que ela quer, ela pode.
Os adultos devem ajudar no sentido de fazer a criança perceber que algumas coisas não podem ser feitas, mas podem ser substituídas por algo que esteja ao seu alcance. Os adultos também precisam perceber que impor limites não é ser mau, mas é uma forma de dar-lhe proteção e cuidado, criando seu filho para o mundo. Aceitar as reações de agressividade e sofrimento dos filhos perante suas frustrações é permitir que eles se desenvolvam. O sofrimento faz parte da vida e, tentar poupar os filhos dessas experiências, é impedi-los de aprender a enfrentar a vida com segurança.

A arte de se relacionar

Falar sobre relacionamentos não quer dizer falar somente sobre relacionamento conjugal, mas sobre todos os tipos de relação que cultivamos no nosso dia a dia em que envolvemos sentimento, sejam elas de amizade, familiares ou até mesmo de trabalho.
Relacionar-se significa compartilhar, acrescentar e trocar experiências, saber lidar com a personalidade do outro, o que inclui lidar tanto as qualidades e características comuns entre ambos, quanto seus defeitos e diferenças no modo de pensar e agir. Muitos erram acreditando que felizes são aqueles que pensam igual e sempre estão de acordo em tudo. Pode até ser, quando isso ocorre de maneira autêntica, e não quando um precisa se anular para que não hajam divergências. Quando ocorre esta anulação de uma das partes, a relação se desgasta, pelo fato da relação se tornar unilateral, onde só um lado impõe seu modo de pensar, sem respeitar o do outro. Este tipo de relação tende a se manter acomodada pelo medo de acabar, mesmo estando fadada ao fracasso, o que faz com que a principal característica de relaciona-se inexista, que é compartilhar. Isto também ocorre em relações onde todos impõem sua opinião, não havendo diálogo e somente discussão sem que se chegue a conclusão alguma.
Para alcançar o equilíbrio dentro de uma relação, é fundamental perceber o limite entre “eu” e o “outro”, ambos com suas necessidades, valores, gostos e fraquezas, ou seja, quando aprendemos a gostar das pessoas como elas realmente são, respeitando sua individualidade. É estar na relação sem perder-se nela, é quando conseguirmos perceber que ambos são seres distintos e únicos, considerando o outro como alguém que está ali para somar e não como uma extensão de nós mesmos. Assim nos tornamos pessoas mais felizes e realizadas, estendendo estes sentimentos àqueles com os quais nos relacionamos.