terça-feira, 11 de setembro de 2012

A Criança e a Mentira


        A primeira reação dos pais quando percebem que seu filho está mentindo é de susto. Daí vem a conversa, o castigo ou a bronca... E aquela mentirinha toma uma proporção maior, até pelo fato de ser a primeira e os pais não saberem mais se podem ou não confiar 100% no que a criança está dizendo.

Qual a melhor atitude a se tomar numa situação como essa?

Bom, pra começar é importante citar que crianças de até cinco anos de idade não distinguem o que é fantasia do que é real. Fantasia é brincar de faz de conta, e isso é uma parte muito rica da vida imaginativa e faz parte do desenvolvimento normal de toda criança, sendo base para o pensamento lógico que ela terá quando adulta.  
Com o passar dos anos, a fantasia vai dando cada vez mais lugar à noção de realidade, sem desaparecer totalmente. As mentiras começam a aparecer aos 2, 3 anos de idade, e aos 4 anos a maioria já conta mentiras ocasionais, que aparecem concomitantemente a outros sinais cognitivos, que podem - juntos-  ser considerados uma consequência da sofisticação do seu pensamento.

Mesmo que a criança ainda não saiba diferenciar a fantasia do real, desde pequena os pais devem lhe mostrar o que é mentira e o que é fantasia nas suas histórias. Conversar e trazer a criança para a realidade é a melhor forma de lidar com a mentira. A criança inventou uma história, mas ainda não sabe distinguir o real da fantasia, mas a verdade precisa ser mostrada.

A partir dos seis anos a criança entra numa fase mais realista, ela ainda brinca com a sua imaginação e cria situações que não são reais, mas a capacidade de abstrair da realidade espontaneamente fica cada vez mais diminuída.

A mentira vai se tornar intencional a partir dos sete anos, onde a criança já adquiriu noções de valores sociais e sabe distinguir o que é verdade e o que é mentira. As crianças utilizam a mentira normalmente como forma de fugir da responsabilidade, para chamar a atenção dos pais, melhorar sua autoestima ou até por temer castigos ou repreensões por algo que fizeram de errado.

Broncas severas ou castigos acabam levando a criança a mentir mais vezes por medo de receber novamente esse tipo de punição. O ideal é mostrar pra ela os benefícios da verdade e os prejuízos da mentira. A criança deve sentir que ao contar a verdade terá a admiração dos pais, professores e amigos e que a mentira "tem perna curta" e logo será descoberta e desaprovada pelos mesmos.

Quando o comportamento mentiroso é muito frequente ou se estende muito além dos sete anos, devemos ter um olhar mais cuidadoso, pois alguma coisa a criança pode estar tentando nos dizer. É importante ter uma boa conversa ao invés de reprimir, fazer uma análise do contexto familiar e escolar, tentando não focar apenas na mentira em si, mas no objetivo dela. Desta forma, estaremos ajudando a criança a expressar genuinamente o que ela está sentindo e pensando, de forma segura e tranqüila.

Publicado no informativo/agosto da Escola Crescer e Conhecer - Garopaba /SC

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